A foto “Todos Negros” foi tirada pelo fotógrafo Luiz Mourier em 1982, no Rio de Janeiro. http://ahistoriabemnafoto05.blogspot.com/2007/09/depoimento-5.html
Originalmente para se identificar um indivíduo de pele escura, mas precisamente da África subsariana, utilizava-se a palavra “preto”. Os registros desta palavra se deu por volta do século X. Já a palavra "negro", surgiu no século XV, referindo-se aos escravos africanos negociados por portugueses e espanhóis. Sendo assim, a palavra negro, primariamente, era sinônimo de “escravo”. Por este motivo, a palavra é considerada ofensiva em diversos países africanos, no Senegal e nos Estados Unidos, onde é empregada a palavra black ao invés de niger (negro). Aqui no Brasil, apesar de o dicionário reconhecer as duas expressões, preto e negro, para designar o indivíduo de pele escura, ainda se perde um enorme tempo com discussões em torno do que é cor e o que é raça. Sinceramente, preto, negro, pardo ou afro-brasileiro, a denominação é o que menos importa. Não é a palavra usada para designar a cor da pele do indivíduo, que define a sua raça e o real preconceito de uma nação. A questão do racismo no Brasil é tão, ou mais assustadora, que a tentativa de negar sua existência. É mais fácil nos defendermos e até respeitarmos um inimigo declarado, que lutar contra um inimigo oculto. Dizer que no Brasil o preconceito é velado é tão ignóbil quanto dizê-lo inexistente. Dados estatísticos dão conta que para cada três mortos, dois têm a pele escura. Em 2002, foram assassinados 46% mais negros do que brancos, e em 2008, a porcentagem atingiu 103%. Na Paraíba, morrem 1.083% mais pretos, em Alagoas 974% e na Bahia 440%. O Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil, diz que quase a totalidade dos jovens assassinados no Brasil são do sexo masculino e os indivíduos de cor preta são a maioria, morrendo mais que o dobro em relação aos indivíduos de cor branca. Com base nestes assustadores números, pode-se até mudar o nome de “racismo” para “preconceito de cor”, mas que a discriminação é latente no brasil, não resta a menor dúvida! Ela não tem nada de velada, é declarada. Só que não em palavras, mas em ações concretas...A questão é que cada um defende seu ponto de vista como pode, e nem sempre de forma simplificada e trasparente. O que as vezes me faz pensar que estão mais preocupados em defender seus conceitos, justificando seus preconceitos, que realmente lutando pelo fim da barbárie. As informações e dados são interpretados e divulgados de acordo com as conveniências de cada grupo. Se alguém é contra o sistema de cotas, dirá que no Brasil os negros representam apenas 6,9% da população e que a miscigenação não nos permite dizer quem é realmente negro no país; já aquele que defende os direitos dos negros, ignorará o fato de que o sujeito pardo não é negro, uma vez que tem sua etnia também formada pela raça branca ( ou amarela; ou indígena) e fará um somatório de negros e pardos para afirmar que o Brasil tem 51% da população negra. Partindo da premissa divulgada por muitos grupos de defesa das igualdades raciais de que a maioria no Brasil é “negra”, poderiamos supor que se eles são a maioria em nascimento, deveriam, evidentemente, ser maioria em mortes. Isto poderia se matematicamente até admissível, mas socialmente seria ridículo, já que os negros não são maioria de médicos, professores universitários, ou mesmo universitários. Resta-nos saber se quando os dados apontam para estes horrendos números de negros mortos, estão falando em negros apenas, ou estão incluindo os pardos. Assim como também, quando se fala sobre o número de brancos nos bancos universitários, não temos absoluta certeza que estejan falando de brancos apenas, ou o pardo, com a pele mais clara, estaria incluso.
Segundo o dicionário, pardo é o indivíduo de cor entre o branco e o preto, ou entre amarelo e castanho; já negro, seria o indivíduo de cor escura, preto, ou indivíduo da raça negra. No Brasil existe regiões de maioria negra, maioria branca e maioria parda. E note bem que estamos falando em cores. Quando se pergunta a cor de alguém, a pessoa vai dizer a cor da sua pele e não a sua descendência. Até porque se fosse raça a maioria absoluta diria: – sou brasileiro. Não aceito o fato que a maioria não se declara negra por vergonha, ou negação da raça. Isto me soa extremamente preconceituoso. Seria o mesmo que dizer ( e olha que a gente escuta isso!) que a menina negra, que faz uma progressiva, o faz por negação de suas origens e não pelo fato de que ter que acordar duas horas antes, só para desembaraçar seus cabelos para ir trabalhar, é extremamente cansativo e irritante. A pessoa não se auto denomina negra, porque talvez ela realmente não o seja. Porque tendo sua mãe, avó, pai, ou avô branco, ela torna-se parda e ao se declarar negra, estaria negando a raça branca. Ou neste caso não haveria problema algum? O preconceito de cor no Brasil é tão absurdo que envolve até mesmo aqueles que lutam contra o fim da discriminação.
O Brasil é multicolorido! Pena que o seu preconceito, também tenha muitas cores! E enquanto continuar essa perda tempo com o fraquíssimo discurso do “politicamente correto”, veremos nossos irmãos sendo assassinados e discriminados sem que nenhuma medida prática seja tomada.
Distribuição percentual, por cor ou raça (%) no Brasil e regiões
Síntese dos Indicadores Sociais 2010 (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Tabela 8.1 - População total e respectiva distribuição percentual, por cor ou raça, segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas - 2009. Página visitada em 19 set. 2010.
Região AmarelaouIndígenaBrasil 48,2 6,9 44,2 0,7Região Centro-Oeste 41,7 6,7 50,6 0,9Região Norte 23,6 4,7 71,2 0,4Região Nordeste 28,8 8,1 62,7 0,3Região Sudeste 56,7 7,7 34,6 0,9Região Sul 78,5 3,6 17,3 0,7
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K
ola
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