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Este blog não tem grandes pretensões! É apenas o meu espaço para dizer o que penso, sem que ninguém me interrompa antes que eu conclua minhas idéias. ...risos... Seja bem-vindo!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Quando a Sociedade é o Espaço do Inferno

 

Gostaria de expressar minha opinião com relação à matéria intitulada “Quando a Escola é o espaço do inferno”, publicada na revista Época, em 18/7/2011.

escola inferno

 

Concordo que a política de “mediação” seja a melhor forma de prevenir os “conflitos escolares”. A questão é quando se minimiza um “conflito social” complexo, que exige tratamento em conjunto com todas as esferas envolvidas – políticas públicas, econômicas e sociais - a simples “conflitos escolares”. Este foi exatamente o erro dos britânicos. Com uma escola pública idealizada pelo mestre Paulo Freire e tão argumentada pelo senador Cristóvão Buarque, a Grã Bretanha, ainda que com uma educação tecnológica de primeiro mundo, enfrenta “conflitos escolares” de terceiro mundo, ou mais apropriadamente, de “mundo moderno”. Por mais preparada que seja uma escola, ela é incapaz de assumir sozinha a responsabilidade pela formação integral do indivíduo. A primazia na educação cabe à família, isto é fato. É através da união desta, com a escola, que se garante uma formação voltada para os valores sociais imprescindíveis à formação da pessoa humana. A escola erra quando não reconhece sua responsabilidade e igualmente erra a sociedade ao acreditar nos “superpoderes” dos professores. Seja para conter a violência em sala de aula; seja para transformar uma realidade social economicamente injusta e historicamente excludente, o professor não possui “superpoderes”, e nem os almeja. A escola é reflexo da sociedade, e não o contrário. Quando a escola se transforma no espaço do inferno, é porque a muito se esqueceram de “exorcizar os demônios” da sociedade.

Expressões Populares

 

voce sabia

Origem de algumas expressões populares no Brasil:

JURAR DE PÉS JUNTOS

A expressão surgiu na Idade Média, através das torturas executadas pela Santa Inquisição. O pobre acusado de heresia, tinha as mãos e os pés amarrados juntos e era torturado para dizer a verdade. Quem não jurararia, hem?!!!

MOTORISTA BARBEIRO

No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc, e por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A partir daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela expressão "coisa de barbeiro". Esse termo veio de Portugal, contudo a associação de "motorista barbeiro", ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira.

TIRAR O CAVALO DA CHUVA

No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: "pode tirar o cavalo da chuva". Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.

À  BEÇA

O mesmo que abundantemente, com fartura, de maneira copiosa. A origem do dito é atribuída às qualidades de argumentador do jurista alagoano Gumercindo Bessa, advogado dos acreanos que não queriam que o Território do Acre fosse incorporado ao Estado do Amazonas.

DAR COM OS BURROS N'ÁGUA

A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.

GUARDAR A SETE CHAVES

No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" pra designar algo muito bem guardado.

OK

A expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida pra significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam pras bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0 Killed" (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo "OK".

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS

Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir daí surgiu à expressão, usada pra designar um lugar distante, desconhecido e inacessível.

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA

A história mais aceitável pra explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados pra Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu.

PRA INGLÊS VER

A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram criadas apenas "pra inglês ver". Daí surgiu o termo.

RASGAR SEDA

A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão pra cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se esfiapa".

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER

Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D`Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos pra Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou pra história como o cego que não quis ver.

ANDA À TOA

Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à toa é o que não tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o reboca determinar.

QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO

Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.

DA PÁ VIRADA

A origem do ditado é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está virada para baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada decorrentemente pelo Homem vagabundo, irresponsável, parasita.

NHENHENHÉM

Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os indìgenas não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen" .

VAI TOMAR BANHO

Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore pra limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com freqüência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar banho".

A DAR COM O PAU

O substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras. Esta expressão teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, pra isso, deixavam de comer. Então, criou-se o "pau de comer" que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam sapa e angu pro estômago dos infelizes, a dar com o pau. O povo incorporou a expressão.

ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM

Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português. O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos, que se entendam". O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas, dom Luís se explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos.

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA

Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino Ovídio (43 a.C.-18 d.C), autor de célebres livros como "A arte de amar" e "Metamorfoses", que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o poeta: "A água mole cava a pedra dura". É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase pra que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio portugueses e brasileiros.

Enfiou o pé na jaca

O correto é enfiou o pé no jacá. Antigamente, os tropeiros paravam nas vendinhas, a meio caminho, para tomar uma pinga. Quando bebiam demais, era comum colocarem o pé direito no estribo e, quando jogavam a perna esquerda para montar no burro, erravam, pisavam no jacá (o cesto em que as mercadorias eram carregadas) e levavam um grande tombo. Por isso, quando alguém bebia demais dizia-se que ele enfiaria o pé no jacá. A jaca, fruta, não tem nada com isso. Apesar da novela da Globo.

Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão

O correto é batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.

Cor de burro quando foge

O correto é corro de burro quando foge!

Quem tem boca vai a Roma

Pois é, eu também fiquei surpreso ao saber que o correto não tem nada a ver com a capacidade de pela comunicação ir a qualquer parte do mundo, e sim uma forma de exortação à crítica política; o correto é quem tem boca vaia Roma.

É a cara do pai escarrado e cuspido

Essa é forma escatológica de dizer que o filho é muito parecido com o pai; o correto é a cara do pai em Carrara esculpido (Carrara é uma cidade italiana de onde se extrai o mais nobre e caro tipo de mármore, que leva o mesmo nome da cidade).

Quem não tem cão, caça com gato

O correto é quem não tem cão, caça como gato. Ou seja, sozinho!

Feito nas coxas

As primeiras telhas usadas nas casas aqui no Brasil eram feitas de Argila, que eram moldadas nas coxas dos escravos que vieram da África. Como os escravos variavam de tamanho e porte físico, as telhas ficavam todas desiguais devido as diferentes tipos de coxas. Daí a expressão fazendo nas coxas, ou seja, de qualquer jeito (quer dizer, não tem nenhuma conotação erótico-sexual, mente suja).

Voto de Minerva

Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado pelo assassinato da mãe. No julgamento, houve empate entre os jurados. Coube à deusa Minerva o voto decisivo, que foi em favor do réu. Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo.

Casa da mãe Joana

Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade do Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como esses homens mandavam e desmandavam no país, a frase casa da mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.

Conto do vigário

Duas igrejas de Ouro Preto receberam uma imagem de santa como presente. Para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários contariam com a ajuda de Deus, ou melhor, de um burro. O negócio era o seguinte: Colocaram o burro entre as duas paróquias e o animalzinho teria que caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E foi isso que aconteceu, só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burro. Desse modo, conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.

Ficar a ver navios

Dom Sebastião, rei de Portugal, havia morrido na batalha de Alcácer-Quibir, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca. Era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltou, o povo ficava a ver navios.

Não entender patavinas

Os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova; sendo assim, não entender patavina significava não entender nada.

Dourar a pílula

Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar o aspecto do remedinho amargo. A expressão dourar a pílula, significa melhorar a aparência de algo.

Sem eira nem beira

Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter eira nem beira significa que a pessoa é pobre, está sem grana.

O canto do cisne

Dizia-se que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A expressão “canto do cisne” representa as últimas realizações de alguém.

sábado, 4 de junho de 2011

Bombeiros do Rio de Janeiro - Heróis para a população e vândalos para o Governador

 

A GfK (Growth from Knowledge), uma empresa de estudos de mercado de origem alemã, criada em 1934, divulgou o resultado de uma recente pesquisa, com  um total de 18.800 entrevistados em 15 países europeus e os E.U.A., Brasil Colombia e Índia, em fevereiro e março de 2010. O objetivo da pesquisa era determinar os níveis de confiança que os cidadãos têm em 20 diferentes grupos e organizações profissionais. No ranking das profissões mais confiáveis no Brasil temos em primeiríssimo lugar, com 95% de aprovação, os “v.â.n.d.a.l.o.s” do Srº Governador Sérgio Cabral: Os Bombeiros!

Tenho certeza que as vítimas do Morro do Bumba, de Teresópolis, de Nova Friburgo e tantas outras que no momento difícil pôde contar apenas com nossos bravos bombeiros, não os consideram vândalos. É certo que a maior parte da população do Rio de Janeiro, e de muitos outros lugares do Brasil e do mundo, estão apoiando estes heróis em mais uma de suas lutas. Só que agora, estes valentes guerreiros, lutam por suas famílias e por sua própria dignidade.

Em dezembro do ano passado, meu marido sofreu um ataque cardiaco em uma festa e mesmo tendo plano de saúde, não havia tempo hábil para que pudessemos utilizá-lo. Sendo assim, precisei recorrer ao socorro mais próximo do local onde estava. Foi assim que fui parar na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sarapuí, na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Fui muito bem atendida. O socorro foi imediato e muito humano. O médico, os enfermeiros e o assistente social foram extremamente calorosos comigo, meus filhos e, principalmente, meu marido. Até os seguranças da UPA foram solidários com nosso sofrimento. No dia seguinte meu marido foi transferido para o Hospital do nosso plano de saúde, onde soubemos pelo médico dele, que o atendimento feito pelo médico-bombeiro na UPA  salvou-lhe a vida.

O incidente com meu marido é mínimo diante das tragédias que vemos relatadas diariamente, onde estes verdadeiros heróis salvam vidas, não raro com riscos às suas próprias, por um mísero salário de novecentos e poucos reais.  Gostaria de dizer ao nosso Governador, que ao contrário dos nossos políticos e seus comissionados que só aparecem nos locais da tragédia em sobrevôos de helicóptero, e destes só descem em solo seco e limpo para não sujarem seus sapatos importados, que provavelmente custaram mais que o salário de um bombeiro no Rio de Janeiro, que não é deste jeito que um político sério se refere a profissionais que lideram o  ranking das profissões mais confiáveis no Brasil. Também gostaria de lembrá-lo, que nesta mesma pesquisa, o grupo de profissionais a que ele pertece, os políticos, lideram o grupo dos menos confiáveis. Para concluir, utilizarei uma definição para vandalismo segundo o dicionário Michaelis: destruição do que é respeitável pelas suas tradições,  antiguidade, ou beleza. Neste sentido, eu pergunto: quem são os verdadeiros vândalos nesta questão?

bombeiros

 

Parabéns Bombeiros! Estamos com vocês!!!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bonificação para Professores Garantem a Melhoria no Ensino?

 

O ceticismo e a descrença no Sistema Educacional Brasileiro está fazendo com que muitos estados e municípios adotem uma política de bonificação para professores a fim de melhorar o desempenho destes em sala de aula. Cabe aqui ressaltar que aqueles que adotam tais medidas de incentivo, estão responsabilizando diretamente a categoria profissional pelo péssimo desempenho da Educação Pública no Brasil. Afinal, o professor já recebe seu salário – bom ou ruim – para educar os brasileirinhos. Alguém decidiu, no entanto, que alguns profissionais não se empenham como deveriam na função. Pensaram – se é que pensam – que se os bons profissionais recebessem uma bonificação pelo seu desempenho, incentivariam os outros – os maus – a fazerem o mesmo. Pronto! Todos interessados em aumentar seus parcos rendimentos fariam a educação pública dar um salto em qualidade e a  gestão pública se insentaria de sua responsabilidade. Simples assim! A desestruturação familiar, o sucateamento das escolas, a falta de material, as turmas lotadas, nada disso seria mais empecilho para uma educação de qualidade. O professor sozinho daria conta de elevar os índices educacionais aos patamares do primeiro mundo.

Eu acredito que por trás desta medida encontra-se motivos ainda mais sórdidos. Nenhum gestor público – salvo uns poucos espalhados pelos estados brasileiros - quer dar aumento efetivo à categoria. Com a política de bonificação, onde apenas alguns são beneficiados, o gasto é bem inferior e de quebra os políticos podem usar os salários destes poucos como base para suas campanhas políticas.

O  governo de São Paulo teve que repensar suas propostas educacionais ao ver sua política de bonificação, lançada em 2008, fracassar. O rendimento dos estudantes que já estavam em patamares alarmantes baixou ainda mais. Em 2010 foram gastos R$ 655 milhões com o pagamento do tal bônus. Agora, em 2011, caiu para R$ 340 milhões.  Será que os professores não gostavam do tal incentivo que chegava a três salários extras? Acho bem pouco provável!

Uma equipe de pesquisa conduzida pelo Centro Nacional de Incentivos de Desempenho, ligado ao Peabody College da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, passou a premiar por três anos professores de matemática da rede pública de Nashville, cujos alunos conseguissem melhorar suas notas. Observe que estamos falando de uma pesquisa e não de uma política já adotada baseada em sofismas, como ocorre aqui no Brasil. Bem, o resultado da pesquisa americana mostrou que os estudantes cujos professores recebiam a bonificação não tiveram qualquer melhora na comparação com o “grupo de controle”, cujos professores não recebiam o incentivo. A pesquisa não encontrou muitas diferenças na forma de lecionar ou em medidas de esforço entre os dois grupos de professores. O  coordenador do estudo, professor Matthew Springer, disse em entrevista ao jornal O Globo, que antes de montar uma política de bônus deve-se considerar que  “professores tendem a cooperar mais com um plano de pagamento de incentivos se o propósito for descobrir se a política funciona, do que com uma ideia forçada de cima para baixo, sem evidências para acalmar o ceticismo e a descrença”.

Apesar da divulgação desta pesquisa e da ineficácia do sistema em São Paulo, vemos o governador do Rio, Sérgio Cabral, anunciando aos quatro quantos sua adesão a este projeto. Por que será? A resposta é óbvia: porque ele é político, não está  preocupado com a educação no Estado. Quer apenas encontrar uma maneira de retirar a responsabilidade do gestor público e repassá-la para os profissionais em sala de aula.

Alguém pode me responder o que vai acontecer com os “maus” profissionais, aqueles que não receberem a bonificação? Serão exonerados ou voltarão para a universidade? E as crianças que estiverem sob seus cuidados em sala de aula, serão condenadas a uma educação medíocre? Será que como responsável pela educação do meu filho, tendo garantido pela Constituição Federal o direito a um ensino público de qualidade, poderei exigir que ele estude apenas com professores devidamente “bonificados”?

Bem, talvez este sistema de meritocracia seja derrubado ainda antes de eu ter meus questionamentos respondidos. Mas nem assim eu me animo. Já me acostumei ao fato de que aqui no Brasil se combate projetos inconsistentes, com projetos ineficazes. Aqui um erro sempre é usado na tentativa de se consertar outro!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Auxílio Reclusão – Cuidado com as informações que você repassa!

Esta semana afixaram no quadro de avisos da minha escola um email falando sobre o “Auxílio Reclusão”, apelidado de “Bolsa Marginal”. A alusão feita ao “Bolsa Família”, é para dar-nos a falsa idéia de que é mais um benefício assistencialista do Governo do PT. O que mais me chamou a atenção na manutenção desta mentira foi o fato de ver professores contribuindo com a corrupção no país. Neste caso, a corrupção da verdade. O email não é novo. Surgiu na época da campanha presidencial. A novidade foi vê-lo exposto no mural da escola. O fato de tratar-se de um email político deveria ser o suficiente para que fosse investigado. A menos, é claro, que o caro professor faça parte desta “rede de corrupção político- partidária”.

Segue o email:

VAMOS DIVULGAR ISTO, É A PURA VERDADE, POR ISSO É QUE TEM  MAIS BANDIDO POR AÍ DO QUE GENTE BOA, VIVENDO AS NOSSAS CUSTAS !"!!!!!!!!

BJS

ATENÇAO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

> > EMBORA
> > EU PENSE QUE HAJA ALGUNS REQUISITOS A SEREM ATENDIDOS,
> > CONCORDO QUE É 
> > O MAIOR DOS ABSURDOS nesta altura da "História deste país":
> > Você sabe o que é o
> > AUXÍLIO RECLUSÃO?
> > Todo presidiário com filhos, OU ENTEADOS MENORES DE 21
> > ANOS tem direito a uma bolsa que, a partir de
> > 1º/1/2010 é de R$798,30 por filho
para sustentar a
> > família, já que o coitadinho não pode trabalhar para
> > sustentar os filhos por estar preso. Mais que um salário
> > mínimo que muita gente por aí rala pra conseguir e manter
> > uma família inteira.
> > Ou seja, (falando agora no popular para ser MELHOR entendido)
> > Bandido com 5 filhos, além de comandar o crime de dentro das
> > prisões, comer e beber nas costas de quem trabalha e/ou
> > paga impostos (NAS NOSSAS), ainda tem direito a receber
> > auxílio reclusão de R$3.991,50 da Previdência Social.

> > Qual é o pai de família com 5 filhos recebe um salário suado
> > igual ou mesmo um aposentado que trabalhou e contribuiu a
> > vida inteira e ainda tem que se submeter ao fator previdenciário
?
> > Mesmo que seja um auxílio temporário, prisão não é colônia
> > de férias,!)
> > Isto é um incentivo a criminalidade nesse pais de merda, formado
> > por corruptos e ladrões em todos os escalões.
> > Não acredita?
> > Confira no site da Previdência Social com SEUS PRÓPRIOS OLHOS!
> > Portaria nº 48, de 12/2/2009, do INSS
> > http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22
> > Pergunto-lhes:
> > 1.Vale a pena estudar e ter uma profissão?
> > 2.Trabalhar 30 dias para receber salário mínimo de R$510,00, fazer malabarismo com orçamento para manter a família?
> > 3. Viver endividado com prestações da TV, do celular ou do carro que você não pode ostentar para não ser assaltado?
> > 4.Viver recluso atrás das grades de sua casa?
> > 5.Por acaso os filhos do sujeito que foi morto pelo coitadinho que está preso, recebe uma bolsa de R$798,30 para seu sustento, RECEBE?

> > 6.Já viu algum defensor dos direitos humanos defendendo esta bolsa para os filhos das vítimas?
> > 7.Vc acredita nas promessas dos politicos corruptos, ladrões eleitos pela grande massa de ignorantes em nosso pais?
> > 8.Você acredita no discurso da polícia que está se esforçando para diminuir a
> > criminalidade?
> > MOSTRE A TODOS O QUE OCORRE NESTE PAÍS!!! (Desculpe, mais uma vez.)

Quando você recebe um email vindo de não sei onde e redigido por não sei quem e o repassa, sem sequer dar-se ao trabalho de investigar os fatos – e olha que você está sentado em frente à tela do computador, com o Google à disposição – você não está sendo ingênuo não, você está sendo acomodado.

A verdade  é que o este auxílio é um benefício “legalmente   devido” aos dependentes de trabalhadores que contribuem para a Previdência Social. O auxílio foi instituído há 50 anos, pelo extinto Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM) e posteriormente pelo também extinto Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB), e depois incluído na Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS (Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960). Esse benefício para dependentes de presos de baixa renda foi mantido na Constituição Federal de 1988. Ele é pago enquanto o segurado estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto e não receba qualquer remuneração da empresa para a qual trabalha, nem auxílio doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço. Dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou em regime aberto perdem o direito de receber o benefício. Ele é pago a seus dependentes legais, e não ao detento. O objetivo é garantir a sobrevivência do núcleo familiar, diante da ausência temporária do provedor. O valor do benefício é dividido entre todos os dependentes legais do segurado. Veja que não é proporcional à quantidade de dependentes. É como se fosse o cálculo de uma pensão. Não aumenta de acordo com a quantidade de filhos que o preso tenha. O que importa é o valor da contribuição que o segurado fez. O benefício é calculado de acordo com a média dos valores de salário de contribuição. Observe que estamos falando de alguém que já contribuiu para a previdência, pagou seus impostos e trabalhou para ter direito ao benefício, antes de ter praticado o crime pelo qual cumpre pena.  O princípio que norteia a criação do auxílio é o da proteção à família: se o segurado está preso, impedido de trabalhar, a família tem o direito de receber o benefício para o qual ele contribuiu, pois está dentre a relação de benefícios oferecidos pela Previdência no ato da sua inscrição no sistema. Portanto, o benefício é regido pelo direito que a família tem sobre as contribuições do segurado feitas ao Regime Geral da Previdência Social. De acordo com o Boletim Estatístico da Previdência Social (Beps), o INSS pagou 29.790 benefícios de auxílio-reclusão na folha de janeiro de 2011, em um total de R$ 18.707.376. O valor médio do benefício por família, no período, foi de R$ 627,98.

Portanto caro professor e amigos, antes de encaminhar um email, dos tantos que lhe chegam todos os dias, trazendo informações no mínimo duvidosas, pense em seu papel nesta sociedade. Se você repassar uma inverdade de alguém através de seu email, esta mentira passa a ser sua.

Interessante e assustador é que no próprio email fala sobre o site da previdência. Manda até o leitor, caso não acredite na informação, acessar o site e verificar por si mesmo. É a certeza de que a preguiça do brasileiro o fará repassar o email, sem que as informações sejam checadas, que justifica tal ousadia. Depois, como de praxe, o desavisado cidadão se fará de vítima, atribuindo a culpa por veicular tal mensagem em sua rede de amigos à sua “boa fé”. Está na hora do brasileiro assumir seu compromisso social efetivamente e lutar com consciência e determinação por uma sociedade mais politizada e democrática! Para isso ele não precisa de “boa fé”, precisa é de “boa vontade”.

 

Fonte: http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=922

http://www.webartigos.com/articles/54721/1/A-corrupcao-da-verdade-pela-desinformacao-o-auxilio-reclusao/pagina1.html#postedcomment#ixzz1KMUKicS8

domingo, 24 de abril de 2011

Inclusão ou Integração – O que realmente importa?


inclusão2

“Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem; lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize.”
Boaventura de Souza Santos
Peguei mais uma vez emprestada a frase do Drº Boaventura de Souza Santos.  Desta vez porque,  abrangente  e filosófica, é perfeitamente adaptável ao tema “Inclusão”.   A noção de inclusão não é incompatível com a de integração, porém estabelece uma  inserção inflexível, completa e ordenada. A meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo de sua vida escolar. Já o processo de integração se traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecer o "ambiente o menos restritivo possível", dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da integração, transitar no "sistema educacional", da classe regular ao ensino especial. Este processo baseia-se na individualização dos programas instrucionais, os quais devem se adaptar às necessidades de cada um dos alunos, com deficiência ou não. Na integração, apenas aqueles considerados capazes de se desenvolver em uma classe regular passam a frequentá-la. A principal crítica a esta forma de inserção de alunos, se dá ao fato de que muitos dos alunos que se encontram em serviços segregados raramente se deslocam para os menos segregados ou às classes regulares.
Antes de expor minha opinião sobre o assunto quero dizer que estou falando como professora da rede pública e mãe de uma menina surda. Estou analisando os dois lados da questão, e ainda mais profundamente, a realidade do cotidiano escolar. Sabemos que esta realidade passa muito longe daqueles que estipulam as regras e procedimentos, pois estes normalmente baseiam suas pesquisas em utopias. A grande maioria dos profissionais da educação, nunca conseguem ver sua realidade nos parâmetros utilizados. 
Para começar, o que seria uma Escola Inclusiva,  passa muito longe das escolas públicas da maioria dos municípios brasileiros, onde as classes regulares não têm sequer uma biblioteca, ou sala de vídeo, sofrem com o difícil acesso, a falta d’água, de materias didáticos e todo o tipo de problema em sua infra estrutura. Funcionam por único e exclusivo mérito de seus funcionários e o sarcedócio de seus professores. Não bastasse esta dura realidade, ainda somos obrigados a ouvir discursos que pregam que as dificuldades dos professores devem-se ao fato serem resistentes às inovações educacionais. Que inovações? O que vejo são atribuições, aumento de demanda sem que sejam criadas estruturas apropriadas que a acompanhem. Alegam que a resistência ocorre porque “os professores, na grande maioria, rejeitam toda e qualquer proposta que implique na ruptura do trabalho prático e funcional que já se acostumaram a aplicar em sua sala de aula”.
Pois bem, vou falar de mim, professora, alfabetizadora, que já perdeu as contas de quantos alunos alfabetizou entre adultos e crianças ao longo dos seus 20 anos de trabalho. Quis o destino, ou Deus – conforme queiram – que eu tivesse uma linda criança surda para cuidar. Os anos de estudo não me prepararam para alfabetizar esta menina. A condição física das pessoas
surdas não lhes permite o acesso à língua portuguesa de forma natural. Os alunos surdos precisam conseguir explicitar suas idéias, sentimentos, pensamentos na sua primeira língua - a Língua Brasileira de Sinais. Minha filha começou seu processo educacional em uma escola particular, regular, com 30 alunos ouvintes, sendo ela a única aluna surda. A professora era bilíngue e considerei que isso seria o suficiente para que ela aprendesse. Triste  engano! Ela não só não aprendeu nada, como se recusava a ir para a escola. Depois de muita luta, fiz o caminho inverso e exigi que ela estudasse em uma classe especial em uma escola pública. Quando descobriu que não era única no universo, que existia muitas outras crianças como ela e que existia uma professora totalmente dedicada às suas necessidades, seu desenvolvimento deu-se de forma impressionante. Não me arrependo em um momento sequer pela decisão tomada. Quando a vejo conversando com suas amigas na porta da escola,   percebo que minha filha encontrou seu lugar, sua turma. Minha filha não é mais uma criança deficiente em meio a uma multidão de pessoas sem deficiências, mas membro de  um grupo, com características próprias, que juntos se fazem perceber e respeitar.
O processo na escola dela é gradativo. Ela passará o 1º segmento do ensino fundamental em uma classe especial, com uma média de 15 alunos na sala. No 2º segmento, já adaptada à escola e preparada para avançar nos estudos, passará, então, para a  classe regular, levando consigo seus colegas de classe, fundindo-se ao grupo dos ouvintes. Se este grupo ficará separado dos outros ainda não posso afirmar. Embora, não é o que vejo nas festas e encontros na escola. Certa vez, na  feira de ciências da escola, minha filha apresentou uma peça teatral, onde os atores eram alunos surdos e ouvintes. Estes relatos deixam claro que a inclusão, com responsabilidade, é de suma importância para um país que luta pela igualdade. No entanto, quando negam a minha filha ou a qualquer outra criança o direito de escolher em que tipo de classe quer estudar e o grupo de amigos, com suas peculialidades e interesses, que gostariam de ingressar, alegando segregação, estão pretendendo descaracterizar seus interesses e necessidades. Neste caso, torna-se urgente lutar pelo direito e o respeito às suas diferenças!
O tipo de trabalho realizado na escola da minha filha, poderia ser visto por alguns como integração e não inclusão. Muitos especialistas alegam que instalar uma classe especial em uma escola regular nada mais é do que uma justaposição de recursos. Afinal, neste caso, apenas se agrega uma forma de ensino à outra. Afirmam que o ideal é a fusão, onde elementos distintos são incorporados, criando-se assim uma nova estrutura.  O grande problema é a concepção de “Novo” no Brasil. Ao meu ver não se cria uma nova estrutura da noite para o dia. Não se pode obrigar que professores que não fizeram a opção por trabalhar com alunos deficientes, que não tem o menor preparo e formação para isso, tenham que se responsabilizar pela vida escolar deste aluno. A injustiça não é cometida contra o professor, mas contra o aluno, que terá toda a sua vida escolar prejudicada porque alguns decidiram que a inclusão deve ser feita imediatamente, e que a integração é segregacionista e ineficaz.
Há uns três anos decidiram incluir um aluno surdo em minha classe regular. Fui escolhida por ter uma filha surda, é claro. Menos mal! Bem, o problema é que estou acostumada com um surdo em casa, mas não em sala de aula. Volta e meia me esquecia e dava algumas informações, enquanto escrevia no quadro branco, ou seja, de costas para a turma. Isto prejudicava diretamente o meu aluno deficiente auditivo. Eu me sentia uma incompetente. Vivia me cobrando pelo meu desprepeparo. Até hoje me sinto em dívida com este aluno, que não tenho a menor idéia de onde se encontra. Espero que esteja com uma professora preparada, e não com uma incompetente como eu! O mais impressionante é que ao relatar este fato em uma reunião por ocasião de uma “Jornada Pedagógica”, realizada pela Secretaria de Educação do Município onde trabalho, fui informada que com o tempo aprenderia, que é assim mesmo.
Eu não estou preocupada comigo! Sei que com o tempo vou me adaptar. Mas sei que não será de uma hora para outra, até porque cada deficiência requer um tipo muito especial de trabalho e eu teria que estar familiarizada com todos eles para ser considerada apta. Estou preocupada com “as cobaias humanas” que contribuirão para o meu crescimento profissional às custas do comprometimento de sua vida escolar. Será que é tão difícil entender isso?
Agora estou trabalhando em uma classe com 35 crianças onde um deles tem Síndrome de Down. Ele já estuda em classe regular há 3 anos. Este menino mal se comunica. Não brinca com as outras crianças, não sabe sequer seu nome. Ele está no 4º ano e ainda usa garatujas para escrever, ou seja, encontra-se na fase pré-silábica da escrita. Não tenho a menor idéia de como ensiná-lo. Sei que ele é capaz de aprender, assim como sou capaz de ensiná-lo. Mas como fazer isso em uma sala de aula lotada, em uma escola  precária? Até o material dele quem comprou fui eu. Estou pegando em sua mão e tentando ajudá-lo. No começo ele não me deixava tocar nele. Agora já sorri e aceita minha intervenção. O problema é que com 34 outros alunos e um plano de curso a seguir, não me sobra o  tempo necessário para dar a atenção que esta criança precisa e merece. O mais incrível é que já fui avisada na escola, que pela lei da inclusão, este aluno não poderá ser retido, pois já foi retido no ano passado. Pela tal lei, ele só pode ser retido uma vez a cada dois anos. Ou seja, esta criança que mal sabe pegar em um lápis, que não escreve seu nome e que ainda usa  garatujas na escrita, irá para o 5º ano de escolaridade em alguns meses. Esta é a inclusão que se pretende no Brasil! 
Será que é mais fácil atribuir minha insegurança à minha resistência e acomodação? Por que não me sugerem que eu pare meu trabalho em sala de aula e volte aos bancos  universitários,  para um curso preparatório? Por que não diminuem o número de alunos nas classes para que o professor tenha mais tempo para um trabalho individualizado? A resposta é óbvia: “ Porque isto implicaria investimentos. Significaria mexer nos cofres públicos e nenhum processo inclusivo valeria este sacrifício”. Afinal, toda a procupação com a inclusão educacional acaba quando a Política Social bate de frente com a Política Econômica.
Quem decidiu entre a inclusão ao invés da integração, alegando que a primeira era mais justa e abrangente, sinalizando assim o fim das classes especiais, fez uma bela leitura do sistema americano de ensino. Esqueceu, no entanto, que estamos vivendo no Brasil.

sábado, 23 de abril de 2011

Sugestão para lidar com telemarketing

Recebi este email e adorei a idéia!

Ligação da Oi
Toca o telefone...
- Alô.
- Alô, poderia falar com o responsável pela linha?

- Pois não, pode ser comigo mesmo.
- Quem fala, por favor?


- Edson.
- Sr. Edson, aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção OI linha adicional, onde o Sr. tem direito...


- Desculpe interromper, mas quem está falando?
- Aqui é Rosicleide Judite, da OI, e estamos ligando...

- Rosicleide, me desculpe, mas para nossa segurança, gostaria de conferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser?
- Bem, pode..

- De que telefone você fala? Meu bina não identificou.
- 10331.


- Você trabalha em que área, na OI?
- Telemarketing Pro Ativo..

- Você tem número de matrícula na OI?
- Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária.
- Então terei que desligar, pois não posso ter segurança que falo com uma funcionária da OI. São normas de nossa casa.
- Mas posso garantir....

- Além do mais, sempre sou obrigado a fornecer meus dados a uma legião de atendentes sempre que tento falar com a OI.
- Ok.... Minha matrícula é 34591212.

- Só um momento enquanto verifico.
(Dois minutos depois)
- Só mais um momento.
(Cinco minutos depois)
- Senhor?
- Só mais um momento, por favor, nossos sistemas estão lentos hoje.

- Mas senhor...
- Pronto, Rosicleide, obrigado por ter aguardado. Qual o assunto?

- Aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção, onde o Sr. tem direito a uma linha adicional. O senhor está interessado, Sr. Edson?
- Rosicleide, vou ter que transferir você para a minha esposa, porque é ela que decide sobre alteração e aquisição de planos de telefones.

- Por favor, não desligue, pois essa ligação é muito importante para mim.
(coloco o telefone em frente ao aparelho de som, deixo a música Festa no Apê do Latino
tocando no Repeat (quem disse que um dia essa droga não iria servir para alguma coisa?), depois de tocar a porcaria toda da música, minha mulher atende:
- Obrigado por ter aguardado.... pode me dizer seu telefone pois meu bina não identificou..
- 10331.

- Com quem estou falando, por favor.
- Rosicleide


- Rosicleide de que?
- Rosicleide Judite (já demonstrando certa irritação na voz).


- Qual sua identificação na empresa?
- 34591212 (mais irritada agora!).


- Obrigada pelas suas informações, em que posso ajudá-la?
- Aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção, onde a Sra tem direito a uma
linha adicional. A senhora está interessada?
-
Vou abrir um chamado e em alguns dias entraremos em contato para dar um parecer,
pode anotar o protocolo por favor... alô, alô!

TUTUTUTUTU...
- Desligou... nossa que moça impaciente!

Não é uma delícia? Eu até tentaria usar o artifício, mas tenho certeza que a atendente desligaria o telefone muito antes do desfecho.

sábado, 9 de abril de 2011

O Massacre de Realengo–Quem são os culpados?

Tragédias ocorrem todo o tempo e em todos os lugares do mundo, mas só chocam realmente, causando grande comoção social, quando o número de vítimas é elevado. É uma matemática macabra! O grande problema é que todo esse debate sobre o assunto e os discursos envolvendo os motivos e consequências do ato bárbaro, desaparecerão assim que a imprensa considerar que já não lucra mais com a esplanação do fato. É realmente  uma matemática macabra! Já as vítimas reais desta tragédia estarão condenadas para o resto de suas vidas a tentar entender o porquê de terem sido as escolhidas para uma provação tão cruel e injusta!

Quantos anos foram precisos para transformar uma criança inocente, com problemas mentais, em um louco homicida frio e cruel? Sem dúvida que é mais fácil culpar a religião, ou a internet. Como se anos de descaso e abandono em nada implicasse na formação deste indivíduo, mas alguns meses na internet, ou lidas de algumas páginas de algum “livro sagrado”, fossem o suficiente para uma transformação tão significativa que culminasse neste desfecho tão trágico.

Este jovem esquizofrênico foi antes disso tudo uma criança estranha e que por tal razão sofreu discriminação em toda sua trajetória. Se ganhou alguma coisa dos outros foi a indiferença e os apelidos nada carinhosos, tais como, “orelhinha”, “veadinho”, “Suingue” (por ser manco) e outros. Se a indiferença e o bullyng causam estragos e traumas por toda a vida em crianças sem deficiência alguma, imagine então submeter um esquizofrênico a este tipo de tratamento durante anos?   Não existe um fator determinante para atos bárbaros como este em Realengo, mas sim um conjunto de fatores que associados destrói toda e qualquer capacidade racional. Nem todo esquizofrênico é um assassino em potencial; nem toda criança que sofre bullyng ou é tratada com indiferença, será revoltada, ou introspectiva; nem todo jovem viciado em internet visita sites permissivos; e  por fim, nem todo  religioso é fanático.  Alienados, fanáticos e  assassinos existem em toda sociedade e exatamente por ela foram criados. Todos são culpados até que se provem o contrário!

Fico me perguntando por quantos profissionais este menino foi ignorado no decorrer de sua vida? Mèdicos, professores, psiquiatras, psicólogos e outros que tiveram contato com ele, o quanto será que se empenharam,  efetivamente, em entender a razão de tanta introspecção e  a dimensão de seu sofrimento?  Digo isso, porque todos são unânimes em apontá-lo como um cara esquisito.  Remédios já sabemos que ele tomou, pelo menos enquanto sua mãe era viva, mas abandonou depois da morte dela. Mas tirando as drogas receitadas pelo seu médico, qual o tipo de acompanhamento que ele teve?

Desejo que cada profissional negligente que atendeu a este maníaco, cada parente que o ignorou no decorrer de sua vida, cada professor míope que não o enxergou no fundo da sala e cada colega que o fez sentir-se um “monstrinho” em um mundo de pessoas perfeitas, revejam sua postura! Entendam que definitivamente somos responsáveis pelos outros. De nada adianta eu criar um mundo perfeito para meus filhos, zelando por seu bem estar e sua educação, se eu ignorar as pessoas ao meu redor, achando que elas não são minha responsabilidade. Afinal, no mundo dos meus filhos também se encontram estes seres que vivem à margem da sociedade. Em algum momento neste fututo incerto, um destes seres “repugnantes” e estranhos poderá cruzar com um filho meu e então ser tarde demais para fazer alguma coisa.

Nossa sorte foi  este assassino ter atirado contra sua própria cabeça. Imagine o risco que estaríamos correndo caso ele continuasse vivo? Seria julgado, iria para um manicômio judicial e depois de alguns anos de um tratamento medíocre, receberia alta, sendo considerado apto a viver em sociedade, até cometer outro ato insano contra vítimas indefesas. No fim, todos os envolvidos, direta e indiretamente, dormem com alguma indignação mas nenhum remorso “o sono dos justos”, menos os pais, parentes e amigos das pobres vítimas desta sucessão de erros!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Trabalhando com Músicas

 

Usar CDs ou instrumentos ou ainda apenas a voz: cantar com os alunos, ler e interpretar as letras com eles, incentivá-los a ilustrar essas letras, associar as músicas aos conceitos tratados nas aulas.

Músicas que são verdadeiras aulas:

Tema: migrações internas

Música: A Triste Partida

Autor: Patativa do Assaré

Tema: colonização sul-americana

Música: Fruto do Suor

Autor: (...) interpretação – Raíces de América

Tema: recursos naturais; ciclo da água

Música: Planeta Água

Autor: Guilherme Arantes

Tema: astronomia, ecologia

Música: Xixi nas Estrelas

Autor: Guilherme Arantes

Tema: astronomia, o Sistema Solar, movimentos dos astros

Música: Canto do Povo de um Lugar

Autor: Caetano Veloso

Tema: o planeta Terra

Música: Terra

Autor: Caetano Veloso

Tema: extrativismo animal – a pesca

Música: Minha Jangada

Autor: Dorival Caymi

Tema: agricultura, solo, recursos naturais

Música: Cio da Terra

Autor: Milton Nascimento

Tema: os animais, ecologia

Música: As Baleias

Autor: Roberto Carlos

Tema: pluralidade cultural, o meio urbano e o meio rural

Música: Rancho Fundo

Autor: (...) interpretação – Chitãozinho e Xororó, entre outras tantas...

Fonte: www.novaescola.com.br

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Polêmico Jair Bolsonaro e a Estudante Cotista




Diante do chocante vídeo do Deputado Jair Bolsonaro, a estudante de medicina Maiara, cotista, enviou ao nobre deputado uma fotomontagem acompanhado de um email, muito educado por sinal.
Segue abaixo o direito de resposta da futura médica:

Sr. Bolsonaro,

Venho atraves deste e-mail exercer o meu Direito de Resposta relativo as suas afirmações no programa CQC.
Sou cotista de medicina com muito orgulho, graças ao presidente Lula.
Caso o senhor tenha o infortunio de sofrer um acidente algum dia e cair nas minhas mãos em um pronto socorro, terei o maior prazer em atendê-lo, pois só vendo o senhor viver é que terei a certeza de que continuará sofrendo ao ver a diversidade de raças e a prosperidade do povo mestiço brasileiro.
Vai um presente para o senhor. Imprima, coloque numa moldura e se delicie olhando para os seus herois, por que os nossos… os nossos são outros e o senhor sabe muito bem quem são.

Maiara Silva
Ps. “Favor não confundir com aquela Mayara das eleições, a afogadora de nordestinos.”


Este foi o "presentinho" de Maiara:


 
 
Qual será o presentinho da Preta Gil, hem?!!!
 
Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/03/30/cotista-de-medicina-responde-a-bolsonaro/

A História da Nossa Cachaça–Manguaça Cultural


Uma história contada no Museu do Homem do Nordeste fala sobre o  surgimento da cachaça no Brasil. Eu a achei super interessante e como cachaça faz parte da cultura brasileira, e cultura está diretamente ligada à educação, resolvi dividir com vocês o “Momento Manguaça Cultural”. Vamos a ela:
Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo.
Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.
Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou.
O que fazer agora?
A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor.
No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado.
Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo.
Resultado: o 'azedo' do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente.
Era a cachaça já formada que pingava. Daí o nome 'PINGA'.
Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores ardia muito, por isso deram o nome de 'ÁGUA-ARDENTE'
Caindo em seus rostos escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar.
E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo.
Aposto que um monte de “cachaceiro” por aí que não conhece esta história!!
Bem, se quiser conhecer a verdadeira – ou  oficial – história da aguardente de cana de açúcar clique aqui.  Mas vou logo avisando que meu intento com essa história foi exaltar a criatividade do brasileiro e não necessariamente falar sobre cachaça, viu? Sem contar que a história contada no nordeste é muito, muito mais bonitinha!

domingo, 27 de março de 2011

O Verbo For – João Ubaldo Ribeiro

Para todos aqueles que protagonizaram a “novela” Enem, Sisu, Prouni, que está chegando à reta final – sendo que para alguns ela realmente já findou-se – meus parabéns! Parabéns pelo esforço, dedicação, desafio[9]coragem e, principalmente, fé! Para aqueles que não chegaram lá em 2010, é só pensar que 2012 não tarda a chegar. Minha singela homenagem aos “bravos guerreiros”, com uma deliciosa crônica de um dos maiores nomes da literatura brasileira, João Ubaldo Ribeiro:  O Verbo For
“Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. Acho inadmissível e mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa não ser reacionário. Somos uma força histórica de grande valor. Se não agíssemos com o vigor necessário — evidentemente o condizente com a nossa condição provecta —, tudo sairia fora de controle, mais do que já está. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).
O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho.
Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.
— Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra — dizia ele ao entanguido vestibulando.
— "Catilina, quanta paciência tens?" — retrucava o infeliz.
Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a platéia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à porta da sala.
— Ai, minha barriga! — exclamava ele. — Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor meu Pai!
Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.
O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo "dar um show". Eu dei show de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:
— Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!
— As margens plácidas — respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.
— Por que não é indeterminado, "ouviram, etc."?
— Porque o "as" de "as margens plácidas" não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. "Nem teme quem te adora a própria morte": sujeito: "quem te adora." Se pusermos na ordem direta...
— Chega! — berrou ele. — Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!
Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mim. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra "for" tanto podia ser do verbo "ser" quanto do verbo "ir". Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.
— Esse "for" aí, que verbo é esse?
Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do círculo, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.
— Verbo for.
— Verbo o quê?
— Verbo for.
— Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.
— Eu fonho, tu fões, ele fõe - recitou ele, impávido. — Nós fomos, vós fondes, eles fõem.
Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.”

Esta crônica foi publicada no jornal "O Globo" (e em outros jornais) na edição de domingo, 13 de setembro de 1998 e integra o livro "O Conselheiro Come", Ed Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 2000, pág. 20.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas promove concursos

A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD, do Ministério da Justiça, com o objetivo de incentivar a participação dos diferentes níveis estudantis em atividades culturais de valorização da vida e estimular a mobilização e o engajamento da sociedade nas atividades relacionadas à prevenção do uso de drogas, promove, anualmente, concursos nacionais sobre o tema.
O sucesso destes concursos mostra a percepção que a sociedade tem sobre a importância das ações de prevenção do uso de drogas, através de ampla participação de crianças, adolescentes, jovens e adultos.
A SENAD está promovendo o XII Concurso Nacional de Cartazes, direcionado a estudantes do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental de 9 anos, o I Concurso Nacional de Vídeo, direcionado a estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental de 9 anos e Ensino Médio, o IX Concurso Nacional de Fotografia e o IX Concurso Nacional de Jingle, dirigidos à população em geral. Este ano, os concursos têm como tema "Arte e Cultura na prevenção do uso de crack e outras drogas".Em parceria com o Centro de Integração Empresa/Escola - CIEE, a SENAD está lançando o X Concurso de Monografia para Estudantes Universitários, com o tema A Intersetorialidade como Estratégia de Enfrentamento ao Crack. Não perca tempo nem prazo, os trabalhos deverão ser postados até o dia 25 de abril de 2011. Clique em cima da imagem de cada cartaz e acesse o link que apresenta o Regulamento dos concursos ou entre no site www.obid.senad.gov.br

Senad 1

senad 2

senad 3

senad 4

senad 5

quinta-feira, 10 de março de 2011

Qual a Cor do Preconceito no Brasil?

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A foto “Todos Negros” foi tirada pelo fotógrafo Luiz Mourier em 1982, no Rio de Janeiro. http://ahistoriabemnafoto05.blogspot.com/2007/09/depoimento-5.html
Originalmente para se identificar um indivíduo de pele escura,  mas precisamente da África subsariana, utilizava-se a palavra “preto”. Os registros desta palavra se deu por volta do século X. Já a palavra "negro", surgiu no século XV, referindo-se aos escravos africanos negociados  por portugueses e espanhóis. Sendo assim, a palavra negro, primariamente, era sinônimo de “escravo”.  Por este motivo, a palavra é considerada ofensiva em diversos países africanos, no Senegal e nos Estados Unidos, onde é empregada a palavra black ao invés de niger (negro). Aqui no Brasil, apesar de o dicionário reconhecer as duas expressões, preto e negro, para designar o indivíduo de pele escura, ainda se perde um enorme tempo com discussões em torno do que é cor e o que é raça. Sinceramente, preto, negro, pardo ou  afro-brasileiro, a denominação é o que menos importa. Não é a palavra usada para designar a cor da pele do indivíduo,  que define a sua raça e o real  preconceito de uma nação.   A questão do racismo no Brasil é tão, ou mais assustadora, que a tentativa de negar sua existência. É mais fácil nos defendermos e até respeitarmos um inimigo declarado, que lutar contra um inimigo oculto.  Dizer que no Brasil o preconceito é velado é tão  ignóbil quanto dizê-lo inexistente. Dados estatísticos dão conta que para cada três mortos, dois têm a pele escura. Em 2002, foram assassinados 46% mais negros do que brancos, e em 2008, a porcentagem atingiu 103%. Na Paraíba, morrem 1.083% mais pretos, em Alagoas  974% e na Bahia  440%. O Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil,   diz que  quase a totalidade dos jovens assassinados  no Brasil são do sexo masculino e os indivíduos de cor preta são a maioria, morrendo mais que o dobro em relação aos indivíduos de cor branca. Com base nestes assustadores números, pode-se até mudar o nome de “racismo” para “preconceito de cor”, mas que a discriminação é latente no brasil, não resta a menor dúvida! Ela não tem nada de velada, é declarada. Só que não em palavras, mas em ações concretas...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mapa da Violência 2011– Os Jovens do Brasil

mapa da violência - capa
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Versão completa
O Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil,  lançado pelo Ministério da Justiça em conjunto com o Instituto Sangari, nos faz refletir sobre o porquê de números tão alarmantes de jovens na faixa etária de 15 anos aos 24 serem vítimas de violência  nos grandes centros urbanos e até no interior do país. Estudos comprovam que na década entre 1998/2008, a taxa de homicídios no grupo jovem chegou a  39,7%, enquanto que entre adultos foi de 1,8%. Em 1980 o país contava com um contingente de 21,1% de sua população na faixa dos 15 ao s 24 anos de idade. Em 2008 este contigente passou a ser de 18,3% do total da população no país. O relatório levou em conta ainda, que na década de 80 foram as epidemias e doenças infecciosas  as principais ameaças à vida desses jovens, enquanto que atualmente são as  chamadas “causas externas” as responsáveis por estas mortes :  “Em 1980, as ‘causas externas’ já eram responsáveis por aproximadamente a metade (52,9%) do total de mortes dos jovens do país. Vinte e oito anos depois, em 2008, dos 46.154 óbitos juvenis registrados no SIM/SVS/MS, 33.770 tiveram sua origem em causas externas, pelo que esse percentual elevou-se de forma drástica: em 2004, quase ¾ de nossos jovens (72,1%) morreram por causas externas.”   O relatório informa que 62,8% das mortes de jovens em todo o país ocorreram por homicídios, acidentes de transportes e suicídios, ou seja, pelas chamadas “causas externas”.
Segundo o estudo, apesar do aumento no número de vítimas, as características destas vítimas continuam as mesmas. A quase totalidade das vítimas de homicídios são do sexo masculino e os indivíduos de cor preta continuam sendo a maioria, morrendo mais que o dobro em relação aos indivíduos de cor branca. Desde os primeiros estudos observamos aumento nos índices de violência muito superiores aos aumentos de práticas de políticas públicas contundentes e definitivas. Trata-se de uma triste realidade!
Relatórios como o que acabamos de ver só serão significativos e proveitosos, se realmente forem usados como  subsídios para que políticas públicas, comprometidas com a educação e segurança,  possam traçar metas de combate, efetivas, aos  índices publicados. Está na hora do Brasil fazer jus ao lindo texto encontrado no Art. 5º da Constituição Federal de 1988, que assegura a TODOS os brasileiros o direito à vida: Art. 5º. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Estudos anteriores:
Clique na imagem para baixar o relatório
Mapa_Violencia_2010
Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil

Mapa_da_violencia_dos_municipios_brasleiros
Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros

Mapa_Violencia_Os_Jovens_da_America_Latina
Mapa da Violência 2008 – Os Jovens da América Latina
Fonte: http://blog.planalto.gov.br/mapa-da-violencia-2011-aponta-causas-de-homicidios-entre-jovens-no-brasil/

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Educação é Coisa Séria!

Descobri (talvez vocês até já soubessem) que a tal prova de matemática, aplicada por um professor de São Paulo, era apenas mais uma das tantas piadinhas da internet que nos chegam por email. Ontem ela finalmente me encontrou!  Diante disso tive que rever alguns dos meus conceitos a respeito do meu colega de trabalho. Digo alguns, porque apologia ao crime continuo defendendo que não foi a intenção dele. Minha decepção se deve ao fato de que ele sequer se deu ao trabalho de elaborar a prova. Recebeu o email, achou engraçado, imprimiu e o levou para a sala de aula.  Que decepção!!!
Espero que o professor Lívio seja, pelo menos, um bom aluno e aprenda sua lição.
Educação é coisa séria!
Prova de matemática
Nome ou apelido do aluno:______________________________________________
Facção a qual pertence:_______________________________________
NOTA: _10,0 (DEZ)____
Turno:__________

QUESTÕES
            1.) Zarôio tem um fuzil AK-47 com carregador de 80 balas. Em cada  rajada o Zarôio gasta 13 balas. Quantas rajadas poderá disparar até descarregar a arma? (1.0 Ponto)
            R:  __________________________________________________________________________________

2.) Birosca comprou 10 gramas de cocaína pura que misturou com bicarbonato de sódio na proporção de 4 partes de pó para 6 de bicarbonato. A seguir vendeu 6 gramas desta mistura ao Cascudo por R$ 150,00 e 16 gramas ao Chinfra a R$40,00 cada grama. ENTÃO: (1.0 Ponto)
  a) Quem é que comprou mais barato? Cascudo ou Chinfra?
  b) Quantos gramas de mistura o Birosca preparou?
  c) Quanto de cocaína contém essa mistura?
  d) Qual é a taxa de diluição da mistura?
R: __________________________________________________________________________________
3.) Rojão é cafetão na Praça Mauá e tem 3 prostitutas que trabalham para ele. Cada uma delas cobra R$ 35,00 ao cliente, dos quais R$ 20,00 são entregues ao Rojão. Quantos clientes terá que atender cada prostituta para poder comprar ao Rojão a sua dose diária de crack no valor de R$ 150,00? (1.0 Ponto)
R: __________________________________________________________________________________
4.) Jamanta comprou 200 gramas de heroína que pretende revender com um  lucro de 20% graças ao "batismo" da droga com giz. Qual é a quantidade de giz que ele terá que adicionar? (1.0 Ponto)
R: __________________________________________________________________________________
5.) Chaveta recebe R$ 500,00 por cada BMW roubado, R$ 125,00 por carro japonês e R$ 250,00 por cada 4X4. Como já puxou 2 BMW e 3 4X4, quantos  carros japoneses terá que roubar para receber o total de R$ 2.000,00? (1.0 Ponto)
R: __________________________________________________________________________________
6.) Pipôco está na prisão há 6 anos por assassinato pelo qual recebeu o equivalente a R$ 5.000,00. A mulher dele está gastando esse dinheiro à taxa de R$ 50,00/mês. Quanto dinheiro vai restar para Pipôco quando sair da prisão daqui a 4 anos? (1.0 Ponto)
R: __________________________________________________________________________________
7.) Uma lata de spray dá para pichar uma superfície com 3 m2 . Uma letra grande ocupa uma área de 0,4 m 2. Quantas letras grandes poderão ser  pintadas com 3 latas de spray? (1.0 Ponto)
R: __________________________________________________________________________________
8.) Chapão recrutou 3 prostitutas para a gang. Se o número total de prostitutas que trabalham para a gang é igual a 27, qual é o percentual  de prostitutas recrutadas pelo Chapão? (1.0 Ponto)
R: __________________________________________________________________________________
9.) Durante uma rixa entre gangs, Maifrende disparou 145 balas com  uma pistola 45 automática (de uso exclusivo das Forças Armadas) acertando 8 pessoas. Qual é o percentual da eficácia dos tiros do Maifrende? (1.0 Ponto)
R: __________________________________________________________________________________
10. ) Sapão é preso por traficar crack e a sua fiança foi estabelecida em RS 12.500,00.  Se ele pagar a fiança e os honorários do seu advogado (que reclama 12%  da fiança como pagamento dos seus serviços) antes de fugir para a  Bolívia, qual será o total da despesa? (1.0 Ponto)
R: __________________________________________________________________________________
BOA PROVA!
FÉ EM DEUS!
OBS.: AÊ, MALUCO, QUEM COLAR VAI PRA VALA!
barrinhas04
Pois é, professor, dançou!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Prova de Matemática Faz Professor Parar na Delegacia

Um professor de matemática da  Escola Estadual João Octávio dos Santos, em Santos, litoral de São Paulo, levou a sério a recomendação de aproximar os conteúdos à realidade do aluno. Ao elaborar sua prova para uma turma de 1º ano do ensino médio, investiu em temas que considerava significativos no cotidiano dos seus alunos e pensando estar inovando sua prática, conseguiu apenas renovar seus problemas.
Entre as questões com enunciados polêmicos, encontramos uma que perguntava quantos carros teriam de ser roubados por um indivíduo para ele receber R$ 2 mil, já que para cada veículo o pagamento era de R$ 500,00. – Nossa! É isso que ganha o cara que rouba um carro? Dá próxima vez vou oferecer R$ 1000,00 para o cara não levar meu carro! -  Em outra questão se falava de um bandido chamado Pipoco que estava preso por um assassinato, pelo qual recebeu R$ 5 mil, e que tinha uma esposa – muito econômica por sinal – que gastava  R$ 75 por mês. Os alunos deveriam calcular qual o valor que restaria para Pipoco, quando saísse da prisão depois de quatro anos. – Ouso dizer que Pipoco saíria com mais dinheiro do que entrou, vendendo drogas, cigarros e chip de celulares, levados por sua esposa em suas visitas íntimas. O infeliz professor ainda sugeriu a resolução de um problema onde, detalhando uma mistura de cocaína com bicarbonato para que traficantes tivessem lucros mais significativos, os alunos calculassem o  percentual da droga pura na receita.
Pois bem, tanta inovação na  prática de ensino, custou ao inocente e despreparado professor...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Plano de Ação EJA

PLANO DE AÇÃO EJA/2011
Coordenadora Pedagógica: Valéria Attayde
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“O cuidado somente surge quando a existência
de alguém tem importância para mim. Passo então a dedicar-me a ele. Disponho-me a participar de seu destino, de suas buscas,
de seu sofrimento e de seus sucessos, enfim de sua vida.
Cuidado significa desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom trato. Como dizíamos, estamos diante de uma atitude
fundamental, de um modo de ser mediante o qual a pessoa sai
de si e centra-se no outro com desvelo e solicitude.”
(BOFF, l. 1999, p.91)

Introdução:
Tendo em vista os desafios do mundo contemporâneo e a responsabilidade social que tem a escola na construção de cidadãos conscientes de suas responsabilidades para com esse mundo, não se pode improvisar nas ações que nortearão todo esse processo. É imperativo, portanto, que todas as ações sejam planejadas de forma conjunta e articuladas no sentido de minimizar as dificuldades apontadas no processo de aprendizagem dos educandos, possibilitando que a escola cumpra sua missão diante das exigências e complexidades da atual sociedade. O planejamento é o processo pelo qual podemos, tendo em vista os objetivos, traçar os meios para que estes possam ser atingidos, prevendo o futuro e propondo soluções práticas para a solução de problemas que, certamente, surgirão no decorrer do caminho, evitando-se assim uma improvisação...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A novela Enem, Sisu, Prouni - Estudantes à beira de um ataque de nervos!


O Brasil faz as melhores novelas do mundo! Isto é fato! E uma das boas está chegando ao final: A famosa novela ENEM, Sisu, Prouni. Mas como acontece com as novelas, acaba uma e começa a outra. Geralmente os autores são prá lá de conhecidos e alguns novos atores aparecem na trama. Os críticos implacáveis - e nem sempre confiáveis - aguardam ansiosos o momento de destilar seu veneno. Os enredos nem tão criativos, são enriquecidos com novos cenários. Mas o importante é que brasileiro não vive sem uma novela! Bem, de qualquer forma estou aqui para falar da novela em andamento e não da que está por vir!

Desde a realização das provas do ENEM em novembro de 2010, com todos os erros e incertezas, até os dias de hoje, o que observo é a "via crucis" pela qual nossos estudantes têm que caminhar. Nem vou falar sobre aqueles...
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