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segunda-feira, 26 de julho de 2010

SAI O RESULTADO DO IDEB, VAI O PROFESSOR PARA A BERLINDA!

 

Sempre que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira  divulga os resultados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), inicia-se o debate sobre a qualidade da educação do nosso país visando apontar os possíveis culpados pelos baixos índices revelados. A avaliação foi criada pelo Inep levando em conta dois fatores que interferem na qualidade da educação: rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho. Os resultados deste ano mostram que as médias do País ficaram em 4,6; 4 e 3,6 nos anos iniciais, finais e médio, respectivamente.

Além de medir a qualidade educacional, o IDEB ajuda a identificar os municípios com as piores notas, que então passam a receber prioridade nas ações do MEC (Ministério da Educação). Para se ter uma idéia, o Governo liberou desde 2007  mais de R$ 400 milhões  ajudando 1.822 municípios com notas inferiores a 4,2 e 28 mil escolas com notas até 3,8 no IDEB. Mas ainda assim só um pouquinho mais da metade dos piores municípios no ranking nacional conseguiu superar as respectivas metas melhorando o indicador entre 2007  e  2009. Xiiii!!! E agora? Cabeças vão rolar!

Adivinha que cabeças são estas?  Não precisa ter estudado em escola com IDEB superior a 6 para saber. Afinal, é sempre o mesmo discurso, as mesmas avaliações e os mesmos comentários dos especialistas no assunto. Nem vou entrar no mérito destes “especialistas” , que muitas das vezes, sequer entraram em uma sala de aula, principalmente da rede pública de ensino! As conclusões de tão óbvias chegam a ser cansativas. O Governo não investe o quanto deveria na escola pública, o salário dos professores é vergonhoso, e o que mais me irrita entre todas: a qualificação dos profissionais da educação deixa a desejar. Em outras palavras, culpa dos professores por não serem criativos em sua prática otimizando os recursos, culpa dos professores por terem escolhido uma profissão com salário baixo e depois não cumprir com as exigências do cargo e, finalmente, culpa dos professores que formam estes profissionais despreparados. Afinal quem forma professores são professores, não é? E é enxovalhado de críticas, supostamentes contrutivas, que os professores acabam sendo os maiores responsáveis pelo fracasso do ensino público no país. Coitadinhos! Vítimizados pelas políticas públicas, estamos despreparados, em suma, somos DESQUALIFICADOS!

É bem verdade  que a escola tem um grande compromisso com a sociedade e não está conseguindo honrar este compromisso. A culpa obviamente acaba recaindo nos profissionais que nela trabalham. Mas até que ponto estes compromissos são realmente atribuições da escola? A Educação dos nossos jovens passou a ser responsabilidade única e exclusiva da instituição de ensino. Perdemos um apoio de peso na formação do educando: sua família. Hoje, muitos pais acham que até o lápis que o filho escreve na escola deve ser dado pelo governo.  Partindo deste pressuposto pode-se realmente dizer que os professores não estão preparados. Não conheço nenhum país no mundo onde tamanha responsabilidade seja atribuída a um único profissional. Pior ainda, segundo a OIT ( Organização Internacional do Trabalho) e a Unesco, os professores do Brasil têm um dos piores salários do mundo - Na Coréia, os professores primários ganham seis vezes o que ganha um brasileiro – e  é um dos países com o maior número de alunos por classe, o que prejudica o ensino. Segundo o estudo, existem mais de 29 alunos por professor no Brasil, enquanto na Dinamarca, por exemplo, a relação é de um para dez. Convenhamos que mesmo que seja o maior salário do mundo, ou que tenhamos 10 alunos na classe, ainda assim, somos professores, responsáveis pelo letramento da criança, pela formação acadêmica do jovem, pelo preparo técnico do cidadão para o mundo do trabalho, das artes, da ciência, e não, decididamente não somos responsáveis pela formação ética, social e geral do indivíduo. A família tem que ser chamada a cumprir com suas responsabilidades. Escola, não é orfanato! Professores não são voluntários, não são cuidadores de crianças, não são auxiliares de creche e por fim, educação não é sacerdócio.

Eu amo lecionar! Quero ensinar a pensar, a ler, a escrever e formar cidadãos críticos e conscientes.  Tenho, sem falsa modéstia, total preparo para exercer minha profissão. Sou responsável pela educação destas crianças, mas não sou responsável pela criação delas!

Sou responsável pela criação dos meus filhos. Chego em casa depois de doze horas de trabalho e tenho que olhar o caderno deles, ajudar nos deveres, nos trabalhos, nas benditas pesquisas e finalmente descansar um pouco, para no dia seguinte descobrir, por exemplo, que a simples tarefa dada aos meus 35 alunos, de trazer um encarte de supermercado para a sala de aula, só foi realizada  por 6 deles. A desculpa é simples e objetiva: – minha mãe disse que lá em casa não tem. Será que ninguém na casa deste aluno poderia dar uma passadinha no mercado para pegar? Será que não dava para pedir a um vizinho, ou dar uma vasculhada no lixo?  Tudo bem, sou professora brasileira, já estou acostumada com alunos completamente desasistidos pelos seus familiares, e assim sendo, tratei de arrumar uma quantidade significativa de encartes no mercadinho da região antes de chegar à escola. Mas façam-me um favor: não venham me dizer que o IDEB de 4.1 da minha escola é culpa minha não, tá? Me recuso terminantemente a ir para a Berlinda. Nunca gostei desta brincadeira!

2 comentários:

Alessandra disse...

Olá gostei mto do seu blog. Sou pedagoga e gostarai que vistasse o meu. Quem sabe podemos trocar informações.
http://paraprofessoresealunos.blogspot.com
Espero vê-la por lá.

Abraços.

Alessandra.

Professora Maluquinha disse...

Olá Alessandra! Obrigada pelo carinho! Será um prazer trocar figurinhas...risos... Ah! Já sou seguidora, tá?

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