terça-feira, 16 de novembro de 2010
ENEM vem que não tem! – Chega de politicagem!!!
Em 1998 o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi aplicado pela primeira vez, com a finalidade de avaliar o desempenho do aluno ao fim da educação básica. Em sua primeira versão, cerca de 157 mil estudantes participaram da prova. A popularidade do Enem começou a se delinear a partir de 2005, quando se tornou um pré-requisito para os estudantes interessados em uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni), um sistema de benefício aos estudantes de baixa renda que não têm condição de pagar uma faculdade particular. O programa distribui bolsa integral, para estudantes que possuam renda familiar de até um salário mínimo e meio (R$ 765,00); bolsa parcial de 50% para estudantes que possuam renda familiar de até três salários mínimos (R$ 1.530,00) e a bolsa de 25% para estudantes que possuam renda familiar de até três salários mínimos, concedidas somente para cursos com mensalidade de até R$ 200,00.
Em 2009 o Ministério da Educação propôs às universidades federais um vestibular unificado por meio do Enem. Foram criadas então 47 mil vagas, nas mais de 50 universidades que aderiram à ideia. A gráfica da Folha de São Paulo, que recebeu R$ 60 milhões para imprimir as provas, deixou vazar o exame, e todo o processo precisou ser refeito, causando imensos transtornos aos estudantes, as universidades e ao Governo Federal. Na ocasião o Ministro da Educação também foi atacado e a imprensa tentou atribuir o erro a um funcionário do INEP. A investigação da Polícia Federal...
revelou que o vazamento tinha ocorrido dentro da gráfica da Folha de São Paulo. - Cá entre nós, pedir ao “lobo” para tomar conta do rebanho, é brincadeira!!!
As vagas oferecidas aos estudantes por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), deu ainda mais importância ao exame. O programa, em 2010, ofereceu 85.155 bolsas. Para 2011, a participação no Enem será obrigatória para quem quiser financiar seus estudos por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Importante ressaltar que o Fies, na atual gestão do ferozmente atacado Ministro Fernando Haddad, passou a dispensar fiador. E ainda, que se o aluno cursar Medicina ou se tornar professor de escola pública, não paga o financiamento. O Estado paga tudo. Apesar da imprensa garantir que a credibilidade do exame estava seriamente comprometida com o seu cancelamento em 2009, o que se viu foi uma adesão ainda maior em 2010. Graças, evidentemente, à capacidade do Ministro da Educação em corrigir erros e apostar em melhorias significativas. Se formos então comparar ao primeiro exame, aplicado em 1998, veremos que este número foi 30 vezes maior em 2010.
A diferença entre os vestibulares tradicionais e o ENEM, é que enquanto o primeiro testa a retenção de conteúdos das diversas disciplinas que compõem o currículo da educação básica, o Enem exige que o aluno demonstre o domínio de competências e habilidades na solução de problemas, fazendo uso dos conhecimentos adquiridos na escola e na sua experiência de vida.
O PISA, exame aplicado em sessenta países membros da OCDE é um ENEM. Barack Obama fez o ENEM (SAT) para entar na faculdade de Direito da Universidade de Harvard. O Toffel de proficiência em inglês é um ENEM. Como podemos observar, o "madito” ENEM, tão atacado no Brasil, não é nenhuma novidade nos países desenvolvidos. A única diferença é que lá o exame não é usado em “politicagens” como aqui. Outra diferença é que nesses países o exame não tem a mesma dimensão do nosso ENEM, que só neste ano foi aplicado a cerca de 3.500 milhões de estudantes em 1600 cidades espalhadas por todo o Brasil. As provas nos Estados Unidos, por exemplo, são realizadas em diferentes momentos no decorrer do ano. Talvez seja o caso de estudarmos estas medidas para os próximos exames. Embora, conhecendo nossos problemas, e as tentativas enloquentes de desestabilizar o exame, talvez seja ainda mais difícil implantar este sistema aqui em nosso país! A cada aplicação, sou capaz de apostar, surgiriam casos de vazamentos, favorecimentos, corrupção, e por aí vai. Com as atenções do país inteiro voltados para a aplicação do exame já ocorrem vazamentos e pequenos erros, imagine sendo este realizado sem toda esta concentração de atenções?
Se simplesmente levassemos em conta a dimensão deste exame, compreenderíamos exatamente que um erro de 0,04% é perfeitamente explicável e não deveria ser suficiente para se desqualificar o exame. A gráfica RR Donnelley Moore, responsável pela impressão dos cadernos do Enem, afirmou em nota, que a manutenção do sigilo do conteúdo impede a leitura do material já impresso. Isto obriga a RR Donnelley Moore a "elaborar critérios especiais de verificação da qualidade de impressão, sem que esse conteúdo seja devassado. A impressão dos cadernos foi realizada dentro de rigorosos controles e o erro encontrado representa apenas 0,003% das 10 milhões de provas impressas.”
Em edições bem mais modestas se observa erros até maiores. Jornais, revistas, provas de concursos bem menos expressivos, livros, inclusive didáticos ( haja visto o que aconteceu este ano com os livros publicados em São Paulo e distribuído nas escolas) e até simples convites de aniversários e casamentos, têm sua margem de erro! Por que um exame com a dimensão do ENEM teria a perfeição absoluta? Será que de agora em diante terei que pedir a todos os jornais que recolham suas edições, porque 2% delas vieram com erros prejudicando alguns leitores? Será que da proxima vez que for fazer um concurso público em que o desenho estiver com falhas de edição, dificultando a visualização, ao invés de pedir nova prova, como já ocorreu comigo, devo pedir o cancelamento do concurso?
A questão é que aqui no Brasil a Educação se reduz à luta do capitalismo contra o marxismo. A tentaviva de desqualificar o exame é tão notável, que só fazendo parte do “grupinho”, ou sendo muito ingênuo, para colaborar com esta tentativa de desmoralização. A passeata aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, tão alardeada pela imprensa, foi organizada por estudantes de escolas particulares, a maioria sequer fez o ENEM. Não foram prejudicados por erro de impressão. Foram prejudicados pela próprio exame criado pelo Ministério da Educação. Se antes estes estudantes tinham 100% das vagas das Universidades Públicas, graças aos cursinhos pré-vestibulares a preços exorbitantes e a escolas de renome no Estado, agora, com o novo ENEM, viram suas chances serem reduzidas. Já não é suficiente reter conteúdos, é necessário mostrar que tem realmente competência e habilidade. Esta nova dinâmica, democrática e justa, deu chances iguais a todos. Para alguns realmente o ENEM não é bom! A maior parte da imprensa parece que defende os interesses destes, tamanho é o seu empenho em desqualificar o exame, questionando sua credibilidade e eficiência todo o tempo, chegando ao ponto de estimular a saída do Ministro da Educação.
O ENEM é um sucesso! As provas em um universo impressionante de 4,6 milhões de alunos, entre eles negros, nordestinos e pobres, foram 99,7% corretas. Sem dúvida, isto é mais que suficiente para qualificar e enaltecer o exame. Erros são esperados e contornáveis. O maior erro de todos já foi reparado: a Educação antidemocrática e excludente que perdurava desde o Brasil Colônia, acabou. Se antes aos jovens carentes restavam os cursos profissionalizantes do SENAI, ou SENAC, para formar garçons, cozinheiras, arrumadeiras, etc. Hoje eles podem sonhar em ser médicos, advogados, engenheiros. Isto sim é o que deve ser elogiado, incentivado e explorado. O caminho é longo. Agora é seguir em frente, fazendo as devidas adaptações e ajustes. Precisa-se melhorar as escolas públicas, mas enquanto isso não acontece é necessário oferecer oportunidades a todos. Sem contar que as escolas particulares também não são esta maravilha! Estas escolas, onde os pais gastam fortunas, também deixam a desejar, uma vez que os alunos são obrigados a procurarem cursinhos pré-vestibulares ao fim do ensino médio. É fato mais que sabido, que boa parte dos alunos destas escolas, estudam com professores particulares para reforçar suas aulas regulares durante toda a educação básica! A única diferença é que podem pagar cursinhos e professores de reforço, coisa que os jovens carentes não podem. Mas sobre isso ninguém fala, esta realidade ninguém questiona! Se o jovem carente está conseguindo entrar na universidade através de um vestibular gratuito e super exigente, e nela tem conseguido permanecer, é sinal de que muitos dos discursos depreciativos que ouvíamos não passava de obra de “politiqueiros” e “especialistas” de coisa nenhuma a serviço de uma hegemonia excludente e preconceituosa.
Voltando ao ENEM 2010, é justo que os cerca de 1500 estudantes (o número pode ser ainda menor segundo estimativas do MEC) que por não terem lido antes o conteúdo da prova não puderam trocá-la por uma prova sem erros de impressão, e aqueles extremamente preparados a ponto de já estarem marcando o cartão resposta com apenas 30 ou 60 minutos de prova façam novo exame. Quanto aos estudantes que se enquadram na categoria “pegar uma caroninha no erro” a fim de melhorar o desempenho, peço cuidado! Não alimentem estes ataques ao exame, pois sem ele suas chances são ainda mais reduzidas! Estude para o próximo ano! Não permita que te usem como massa de manobra política!
Para cerca de 3.500 milhões de estudantes que cumpriram as instruções à risca, lendo a prova e pedindo a substituição (tinha para substituir) por erros de impressão, ou ainda aqueles que esperaram as informações do MEC para marcar o cartão resposta - já que tinham 4 horas de exames pela frente e poderiam deixar os 20 minutos finais para marcar o cartão - espero que seja feita justiça! Estes não merecem passar por toda a maratona de provas novamente. Afinal, por que 1500 estudantes não podem ser prejudicados ( e não o serão) mas 3 milhões podem ( e certamente o serão) com a realização de um novo exame? Se até a ONU defende a não anulação das provas, pois o critério de avaliação assim o permite, por que prejudicar a todos? A quem isto de fato interessa?
A propósito, eu fiz o ENEM 2010. Só por curiosidade, mas fiz. No meio do exame eu me perguntava o que estava fazendo ali. Aquilo não é prova, é um “massacre intelectual”! Daí eu não entender como alguém já estava marcando o cartão resposta logo no início dos exames! Saí de lá morrendo de dor de cabeça, mas fui até o fim. A razão é que meu filho também estava fazendo o exame, só que em outro colégio e eu não podia desistir fácil. Tinha que dar o exemplo. Portanto, ao invés de fazer como o jornalistazinho que divulgou o tema da redação do exame de um banheiro em um colégio, eu decidi pagar a incrição e fazer a prova. Me arrependi, confesso! Mas agora posso entender exatamente a extensão do exame. Mas vou deixar minhas considerações sobre este assunto para outra ocasião. No momento estou mais preocupada com o desenrolar desta batalha entre o “bem e o mal”. E antes que pensem que defendo o interesse do meu filho, quero deixar claro que ele realmente teve um bom desempenho no ENEM, mas também tem realizado ótimos exames em outros vestibulares (UERJ e UFRJ). Sendo assim, independente do que aconteça com o ENEM, o futuro dele está garantido. Estou defendendo os interesses de outros jovens, que não têm as mesmas oportunidades que meu filho, mas merecem as mesmas chances. Parabéns ao ENEM!
Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/11/08/haddad-enfrenta-a-batalha-do-enem-em-defesa-dos-pobres/
http://www.conversaafiada.com.br/cultura/2010/11/11/o-enem-e-o-maior-do-mundo-o-preconceito-tambem/
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