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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Profissionais bem preparados e escolas bem equipadas não garantem um ensino de qualidade!

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Eu prometi que listaria aqui no blog as razões pelas quais faço parte dos 96% que aprova este governo. Digo 96% porque como sou professora, minha avaliação engloba também o “regular” para aprovação, ao invés de apenas o ótimo ou bom, como determinam as pesquisas. E já que considero o governo regular, então posso dizer que o aprovo. Bem, a razão mais substancial para minha avaliação diz respeito aos esforços contínuos pela melhoria na educação, que tenho presenciado nos últimos anos. Os programas assistencialistas do Governo, aqueles que dão o peixe, mas não ensinam a pescar, até surtiram algum efeito. O mais criticado deles, o “Bolsa Família”, fez com que muitos pais “zelassem” pela assiduidade de seus filhos na escola, pois se o aluno tiver mais de 4 faltas injustificadas no mês, o benefício é suspenso. Se o Ideb, apesar de ainda ruim, alcançou a meta estabelecida pelo governo, muito se deve ao programa que diminuiu consideravelmente a evasão escolar, fator que é contado na avaliação do índice.  A infra estrutura da escola tembém melhorou na maioria dos municípios do Rio de Janeiro. Salas de informática, salas de vídeo (muitas com tv de plasma),  merenda de qualidade e material didático chegando ainda antes do início do ano letivo, são uma realidade. Através do PDE, todo o material a ser comprado pela escola, deverá ser discutido e decidido entre os profissionais da escola. Outra grande conquista! Temos hoje um excelente programa de escolha de livros didáticos, onde muitas das vezes os professores têm contato direto com o autor do livro. Toda a escolha é feita diretamente entre professores e representantes de editoras. A qualidade dos livros deu um salto! Os livros infantis e infanto juvenis com as quais fomos contemplados são de qualidade e valores inestimáveis. Um presente valioso para os alunos! Ainda podemos ressaltar programas como o “Mais Educação”, que é a escola em tempo integral e  o “Escola Aberta”, onde as escolas funcionam com atividades recreativas nos fins de semana. O número de alunos por turma também diminuiu consideravelmente. Há 10 anos eu cheguei a ter 46 alunos em uma classe de alfabetização. Hoje este número não pode passar de 25 – o que ainda é muito convenhamos – e foi implantado a pré-escola, como parte do ensino fundamental. Muitas destas conquistas, a bem da verdade, começaram a ser estudadas e idealizadas muito antes da atual gestão governamental, mas de nada adianta boas idéias se não existir boa vontade para implementá-las. Daí eu dar créditos ao atual governo. Vi também profissionais voltando à sala de aula e cursando o ensino superior, muitos em Universidade Pública, outros com um bom desconto nas particulares.  A maioria dos professores, aqui no Rio, até pós- graduação fez, ou está fazendo. Na minha escola temos profissionais com mestrado e até doutorado, pois com o incentivo do plano de cargos e salários, todos querem melhorar seus baixos rendimentos financeiros. Os recursos do FUNDEB, apesar de tantos desvios e de serem usados em muitas prefeituras para fins eleitoreiros, como aquelas que fornecem materiais de baixíssima qualidade, comprados superfaturados, incluindo em suas compras meias, tênis, estojinhos com as cores e slogam da prefeitura e outras aplicações questionáveis, ainda assim têm possibilitado melhorias significativas nas escolas. Contudo estamos longe de uma educação de qualidade! O Rio de Janeiro, apesar de ter atingido a meta estabelecida pelo governo,  ficou entre os últimos colocados no ranking nacional, com o IDEB muito abaixo do índice 6, necessário para que um ensino seja considerado de qualidade. Justamente por isto estou citando exemplos deste estado, principalmente da capital e do Grande Rio, onde salvo algumas raras exceções, todos os municípios viram as melhorias que citei. Os que não viram, pode ter certeza que foi por irresponsabilidade de seus respectivos gestores, pois a ajuda do Governo Federal, chegou. Ah chegou! O investimento apesar de muito alto, ainda deixa a desejar. E não adianta aumentar os investimentos é necessário aplicá-los corretamente.

Enquanto a educação, assim como a segurança e a saúde, for usada como moeda de troca ou  “armas de guerra” em campanhas políticas, veremos estudos inconclusivos, pouco realistas e superficiais do problema.

Segundo James Heckman, prêmio Nobel de Economia em 2000, "Na educação, há sempre a tentação de reduzir tudo à luta do capitalismo contra o marxismo. Um país ganha muito quando retira o debate do terreno político e o põe sobre bases científicas e econômicas". Para Heckman, que recebeu o prêmio devido a criação de uma série de métodos precisos para avaliar o sucesso de programas sociais e de educação, deixar  de fornecer estímulos às crianças nos primeiros anos de vida custa caro para elas – e para um país. “A educação é crucial para o avanço de um país – e, quanto antes chegar às pessoas, maior será o seu efeito e mais barato ela custará. Basta dizer que tentar sedimentar num adolescente o tipo de conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes sai algo como 60% mais caro. Pior ainda: nem sempre o aprendizado tardio é tão eficiente.”

Apesar de a escola ser fundamental para o desenvolvimento das habilidades cognitivas, quando as crianças chegam a ela, já deixaram de desenvolver uma gama de habilidades, que trabalhadas tardiamente pode ser desastroso para o pleno desenvolvimento do ser humano. Daí a importância da família do educando para fornecer à criança os incentivos necessários, na mais tenra idade, favorecendo um ambiente propício à aprendizagem que facilitará muito o trabalho que será desenvolvido posteriormente na escola.  Segundo James, por volta dos 10 anos, como mostram os estudos científicos, as habilidades cognitivas já estão cristalizadas e se torna bem mais difícil desenvolvê-las. Embora não seja impossível,  demandará mais tempo, custará mais caro e não necessariamente produzirá os mesmos resultados. Parta ele a família do educando é como o alicerce de um prédio. “Se a base for ruim, o edifício desmoronará.” , diz James Hackman. Ele enfatiza a relevância dos programas sociais que tenham foco nas famílias, de modo que elas consigam fornecer os incentivos certos num momento-chave. Iniciativas mínimas têm altíssimo impacto, como o hábito de conversar com os filhos ou emprestar-lhes um livro. Só que alguns pais precisam ser orientados a fazer isso, daí a necessidade de programas específicos. Para Hackman evidências indicam que qualquer tipo de intervenção que consiga despertar o interesse dos pais e fazê-los estimular, desde cedo, o aprendizado cognitivo e emocional dos filhos tem excelente custo-benefício. Para ele, governos no mundo inteiro ainda não se renderam ao que a ciência já sabe. Ele ressalta em entrevista dada à revista Veja  em 10 de junho de 2009, um programa americano da década de 60, o Perry, amplamente copiado por outros países, e que mostrou-se muito eficiente. O programa consiste, basicamente, em colocar crianças pobres na escola, em salas com poucos alunos, e envolver os pais no processo educativo. O professor visita as famílias para informar o que está sendo ensinado na aula, de modo que passem a participar mais ativamente. Sem esse amparo dos pais, dificilmente uma criança vai ter motivação para aprender, o que tende a se perpetuar no curso da vida escolar e resultar em adultos sem sucesso. Está provado que a família é o fator isolado que mais explica as desigualdades numa sociedade como a brasileira. Com programas como esses, a ideia é tentar atenuar as diferenças no ponto de partida.

A base da sociedade é a família e não a escola. Não existe investimento maior do que ensinar a uma família que não pode simplesmente colocar no mundo crianças para depois exigir  que o governo se responsabilize pela criação desta criança e a escola, sozinha, pela educação delas. Somente famílias responsáveis poderão criar seres humanos bem-sucedidos! E aí sim, a escola finalmente dará conta do seu trabalho!!

Para ler a entrevista completa do Economista clique Aqui

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